Saúde Mental de Quem Cuida: Um Cuidado que Começa por Dentro
Saúde Mental de Quem Cuida: Um Cuidado que Começa por Dentro
Talvez você tenha vivido uma dessas situações: passou o dia inteiro atendendo necessidades de outra pessoa e, quando finalmente teve um momento para si, estava exausto demais para aproveitar. Ou talvez já tenha sentido culpa por desejar um pouco de tempo longe da rotina de cuidado. Quem cuida costuma carregar silêncios, medos e dúvidas que não aparecem nos manuais, mas que são parte da realidade de milhares de pessoas.
Há uma história frequentemente compartilhada na antropologia sobre um dos primeiros sinais de civilização encontrados em escavações: um fêmur humano com calo ósseo cicatrizado, datado de milhares de anos. Isso indicava que a pessoa havia quebrado o fêmur — uma lesão incapacitante — e, para que tivesse tempo de cicatrizar, alguém precisou cuidar dela, protegê-la e alimentá-la. O cuidado, portanto, é uma das expressões mais antigas da humanidade. E talvez uma das mais belas.
A rotina do cuidado exige presença constante, escuta ativa, tolerância e resiliência. É comum que o cuidador, profissional ou familiar, se sinta sobrecarregado, especialmente quando não há espaço para o descanso físico e emocional. Essa sobrecarga pode se manifestar em forma de ansiedade, insônia, irritabilidade, esgotamento e, em casos mais críticos, em síndrome de burnout ou depressão.
Cuidar de si mesmo não é luxo, é necessidade. Estabelecer limites, pedir ajuda e encontrar espaços de alívio emocional devem fazer parte da rotina de quem cuida. Se você sente que não tem tempo nem para pensar em si, experimente pequenas estratégias:
Ao preparar o café da manhã da pessoa cuidada, aproveite para tomar o seu com calma, nem que sejam 5 minutos.
Use o trajeto até a farmácia ou supermercado como uma pausa: ouça uma música, respire fundo, observe o caminho.
Se receber uma visita, aproveite para sair por 20 minutos e tomar um ar fresco. Pequenas saídas ajudam a clarear a mente.
Esses pequenos escapes são como recarregar a bateria. Atividades simples, como caminhar, ouvir música, manter um hobby ou conversar com um amigo, ajudam a restaurar a energia interna.
A espiritualidade também exerce um papel importante no equilíbrio emocional. Conectar-se com algo maior, seja por meio da fé, da meditação ou da contemplação, oferece força para os dias difíceis e sentido para a missão de cuidar.
Cuidar é amar em ação. Mas para que esse amor continue leve, firme e presente, é preciso lembrar: quem cuida também merece cuidado.
Se você cuida de alguém, olhe com carinho para dentro. Sua saúde mental é o alicerce do cuidado que você oferece ao outro. E, por mais solitária que sua rotina possa parecer, saiba que há muitas pessoas enfrentando desafios parecidos. E todas elas também precisam de apoio, de respiro e de reconhecimento. Como você.
Lembre-se: até mesmo quem ilumina o caminho dos outros precisa recarregar sua própria luz.